terça-feira, 16 de novembro de 2010

Análise sobre o filme "Quarto Poder" - Ética Jornalísitca

Setembro de 2010

Max Brackett (Dustin Hoffman) – Repórter

O reporter Max Brackett, freelancer da emissora KXBD do estado da California (EUA), é um homem bastante curioso e insistente. Ele tenta conseguir de qualquer maneira matérias quentes para sua emissora contratante. Conversa com Lou (Robert Prosky), seu cehfe de departamento, sobre pôr no ar uma matéria de um homem acusado de alguns processos no estado. Lou afirma que seria uma exposição desnecessária, pois o réu ainda não tinha participado das audiências judiciais. Mas Max insiste na matéria. Ele nem sequer dá conta da gravidade que esse caso poderia causar. Irritado, Lou manda Max para uma entrevista com a dona de um museu, onde haviam sido demitidos diversos empregados por motivos financeiros. Matéria feita, tudo cero, Max vai ao banheiro e, sem perceber estava no meio de uma tentativa de assassinato de um dos ex-empregados do museu, Sam Baily (John Travolta). Na mesma hora, Max liga para sua assistente do lado de fora do museu e conta o caso. Ela liga para Lou e Max diz que essa seria a matéria do ano. O comportamento de Max a frente de todo esse “circo” é muito de interesses em sua carreira. Ele não da conta da situação de risco que ele se envolvera. Havia crianças e adultos reféns, e Max, assim mesmo, preferiu não chamar a polícia. Exigiu que sua assistente chamasse a emissora para o local e ele conseguir um furo de reportagem que iria fazer sua carreira explodir. - É impressionante a capacidade do repórter de somente se preocupar com o furo, e não com sua vida e na vida dos outros. - Logo em seguida, Sam encontra Max no banheiro narrando tudo que estava ocorrendo dentro do museu para o país. - Num momento do filme, eu fiquei completamente surpreso. Na hora em que o suposto assassino dá de cara com o repórter; Max pega o microfone e pergunta se Sam queria dar alguma satisfação ao público e ainda mais, sendo apontado por uma arma, agindo como se nada estivesse acontecendo. É completamente inacreditável a reação de Max à frente disso tudo. - Resumindo; o repórter vai manipulando a cabeça de Sam ao longo do tempo. Fazendo uma série de perguntas, tentando acalmar o suspeito. Mas, tudo que Max queria era uma entrevista exclusiva com Sam Baily. Imagine só; a carreira do repórter iria explodir. Mesmo numa situação de alto risco, Max Brackett prefere sua matéria. A manipulação de Max sobre Sam é tamanha que ele domina a situação. Tanto é que podia sair e entrar do museu quando bem entendesse. Ele consegue a confiança de Sam ao longo do tempo. - O que mais me chama atenção no filme é a frieza com que Max trata Sam. Ele parece estar bem calmo e não vê a gravidade da situação. Volto a repetir, seu único interesse é a matéria, a exclusiva, o furo de reportagem. - Finalmente, ele consegue sua exclusiva, expondo o rosto de Sam para todo o país. Uma coisa completamente errada a meu ver. A imprensa é responsável por muitos casos, e aquele que ela expor primeiro, ficará guardado na memória do público para sempre. Max manipula Sam de uma forma para ele parecer uma boa pessoa, e consegue. Depois da entrevista, 59% do país passa a acreditar que Sam é uma pessoa boa. Mas, ao longo do tempo, ele vai enlouquecendo, e quando recebe a ligação de sua esposa, tentando fazer com que ele desista de tudo; ele a vê pela TV no momento de sua conversa, ouvindo instruções do chefe de polícia. Sam entra em desespero e atira para o alto, pela janela, fazendo com que as pessoas voltassem a pensar que ele era uma pessoa má. Max pede a ilha de edição e manda sua assistente entrevistar uma série de pessoas que pudessem ajudar Sam, - o que me deixou confuso, será que ele queria mesmo ajudar Sam ou não? Será que ele só estava manipulando para conseguir mais uma entrevista? - Enfim; Max edita as matérias de uma forma contrária ao que elas diziam, mudando assim o depoimento dos entrevistados. Mais um absurdo em troca de matérias e promoções na carreira. O caso vira um verdadeiro “circo”. Câmeras por toda parte, policiais manipulados pela imprensa, representada por Max, as entrevistas concedidas por Sam pareciam um show etc. Ao final, Sam libertou todas as crianças e reféns e explodiu o museu com ele dentro. Max gritou para a imprensa do local que eles haviam matado Sam Baily. - A meu ver, correto. Nada é pior do que a pressão e o poder da imprensa e da mídia.

Laurie Callahan (Mia Kirshner) – Estagiária

No começo do filme, Laurie é bastante ingênua no mundo da mídia. Preocupa-se bastante com o próximo. Muito diferente de Max Brackett, que era frio e só pensava em sua carreira. O comportamento da estagiária vai mudando aos poucos com a convivência com Max. Laurie estava sendo “envenenada” pelo poder da mídia. Ao longo do caso, sua opinião muda e ela se transforma em um novo “Max Brackett”, apoiando a manipulação e ajudando nas entrevistas. Tudo para manter seu emprego. - O que me desperta a atenção é como todo jornalista faz de tudo para não perder seu emprego. Até expor a imagem de um suspeito, até editar depoimentos para conseguir audiência, e sabemos que não só ocorre num filme, temos diversos programas de sensacionalismo no ar. - Ao final, Laurie está completamente “batizada” e já aceita o sensacionalismo de forma completamente normal. Um exemplo explícito é o momento em que Max aparece ferido e sangrando por toda face e ela se aproxima para realizar uma exclusiva com Max, fazendo uma série de perguntas e mandando Max não limpar os ferimentos para causar uma impressão assustadora do ocorrido. Ela nem sequer lembra de que ele foi seu chefe. Laurie estava ali somente para conseguir sua entrevista.

Kevin Hollander (Alan Alda) - Âncora de rede

Kevin Hollander, âncora do programa da KXBD em Nova York, é também bastante manipulador, assim como Max Brackett. Os dois têm um passado meio perturbador. Max acabou com uma matéria de Kevin há anos atrás, falando asneiras ao vivo. Kevin ficou completamente constrangido e nunca esqueceu o ocorrido. Hoje, ele quer se vingar, roubando matérias de Max. O repórter alega que a história é dele, mas o assistente de Kevin afirma que é propriedade da emissora. Tudo gira em torno da matéria, da exclusiva, do furo de reportagem. Ninguém lembra de que há um ser humano, que errou no meio disso tudo. O que eles querem é o sensacionalismo, é expor completamente a imagem de Sam para conseguir mais audiência... Kevin ameaça a carreira de Max para conseguir sua entrevista exclusiva com Sam, mas Max desiste e cede para um dos maiores shows influenciáveis da TV americana, “Larry King Show”. Kevin fica bastante irritado e consegue artifícios para prejudicar a carreira de Max. Edita as entrevistas e consegue gravações suspeitas de Max conversando com Sam, mostrando a manipulação. Acabou também com a boa imagem do suspeito, expondo-o ainda mais. A ética jornalística é completamente esquecida por toda imprensa.

Cinegrafistas

Os cinegrafistas são os piores, no sentido de expor a imagem do público. No momento em que duas crianças são libertadas, eles ultrapassam o limite permitido pela polícia, sem nenhum escrúpulo, e chegam bem próximos das reféns, fazendo diversas perguntas, assustando as mesmas. O respeito vai embora, e a exposição continua, agora pior, expor vítimas menores de idades. Não achando pouco, se disfarçam de médicos e entram no hospital em que Cliff, guarda de segurança do museu atingido acidentalmente por um tiro por Sam Baily, está internado, tentando conseguir uma entrevista ou imagens chocantes. Invadem o quarto de Cliff para conseguir imagens através da janela do quarto do hospital, se estabilizam na frente da casa da esposa de Sam Baily, expõem as vítimas e os envolvidos, amigos, parentes e família do suspeito. Não há limites, tudo para conseguir a famosa “exclusiva”. Ao fim de tudo, quando todos são libertados, os cinegrafistas correm para conseguir imagens em primeira mão dos reféns.

[...] O filme mostra todo o poder da mídia em cima de casos como este. Até quando vai esse sensacionalismo absurdo do chamado “quarto poder”? É triste ver que jornalistas formados, infringem o código ético jornalístico, que visa a privacidade da vítima. O artigo de número dois parágrafo primeiro afirma que: “a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente da linha política de seus proprietários e/ou diretores ou da natureza econômica de suas empresas”, o que é completamente descumprido pela maioria dos jornalistas de hoje. Alguns deles até divulgam dados falsos, para conseguir uma boa matéria. É um absurdo como a imprensa consegue manipular todo e qualquer tipo de pessoa. É um veículo altamente poderoso e capaz de mudar e formar opiniões num piscar de olhos. No filme, o repórter Max Brackett consegue mudar os pensamentos de Sam diversas vezes. Nas entrevistas, ele consegue com que Sam fale de um modo comum, como se nada estivesse acontecendo, manipulando Sam e o telespectador ao mesmo tempo. É um poder assustador. Esse poder é tão grande que consegue mudar opiniões e visões, como o caso da estagiária Laurrie Callahan, que era contra o sensacionalismo, contra a manipulação e foi influenciada, mudando de ideia a respeito de tudo isso. No mundo da mídia, da imprensa, há competições, e quem for melhor, e mais influenciador, consegue o que quer. Kevin, o âncora, se vinga de Max, por ter destruído sua matéria há tempos atrás. Não há escrúpulos, não há companheirismo nem coleguismo. Quem conseguir a matéria mais drástica, mais chamativa, mais chocante, é o melhor. Podendo até prejudicar a carreira do colega jornalista. Cinegrafistas estão cada dia mais invasores da vida privada. Chegam a expor descaradamente a imagem das vítimas e dos suspeitos. Assustam o público que não está acostumado. E eles não se importam. Quanto mais assustadores forem, melhor. O sensacionalismo virou uma arma poderosa a favor da imprensa. O absurdo maior dos cinegrafistas no filme é o disfarce para invadir o hospital e conseguir cenas chocantes. Outro é a invasão de privacidade no quarto da vítima baleada, filmando a mesma pela janela do quarto do hospital. A ética foi perdida. [...]

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