terça-feira, 24 de maio de 2011

Entrevista com Eronides Campelo

Eronides Campelo – Gerente de Projetos de Engenharia do Departamento de Trânsito de Pernambuco - DETRAN-PE

Vítor Albuquerque – Qual a solução para desafogar o trânsito no Recife?

Eronides Campelo – O trânsito de Recife possui um volume de tráfego excessivo para sua capacidade viária. Quando temos um volume superior à capacidade, temos um congestionamento, um travamento no trânsito. A cidade não foi preparada para o volume de tráfego que existe hoje. Recife foi uma cidade que cresceu de forma espontânea e sem a presença do veículo. A cidade que tem mais de 450 anos, e vida de veículo, quase 120. Então, há de se convir que a cidade conviveu quase 300 anos sem a presença do automóvel. Não podia ser uma cidade planejada para tal. Então, as vias tinham uma dimensão até razoável para o deslocamento das pessoas, sem a presença do automóvel. Com o crescimento excessivo populacional e de frota veicular nos centros urbanos, as vias ficaram subdimensionadas para o volume excessivo. A solução próxima é a sinalização das vias para administrar o trânsito, até com engenheiros de tráfego. Mas com o crescimento da frota veicular a capacidade da via fica comprometida e o que foi regulamentado, já não é atendido. Passamos então para a segunda fase, que a fase de otimização dessa sinalização. É feito um sincronismo dos semáforos, vias de mão dupla, tornam-se mão única, a construção de determinados corredores etc.

VA – Em horário de pico, encontramos um trânsito maior. Mas, quando há esse trânsito em uma via que não é comum esse tipo de tráfego, achamos estranho, Mais à frente, notamos que é algum serviço sendo feito na pista ou em algum poste de luz. O senhor não acha esse horário incoveniente para esse tipo de atividade?

EC – Sem dúvida. Há uma ineficiência em termos de programação algumas vezes de alguns serviços e alguns eventos também, que às vezes por falta de espaço, muitas vezes se deslocam para a via, causando um transtorno maior. Temos um calendário vasto de eventos em Recife que se deslocam para o leito das vias, como na realidade eles deveriam ser deslocados para estádios, clubes, para áreas que não trouxessem problemas para o tráfego de trânsito.

VA – Sobre o projeto da Avenida Conde da Boa Vista. Se a intenção desse projeto foi aliviar o tráfego, por que só foi contruída uma via para carros populares?

EC – O corredor Leste-Oeste teve grandes limitações. Na Avenida Caxangá foram tomadas medidas para desafogar o trânsito, como a ultrapassagem de ônibus nas paradas. Criamos algumas altas para não congestionar o corredor quando havia uma necessidade de estocagem para o giro à esquerda, ou seja, foram várias medidas visando à melhoria do tráfego. A respeito da Conde da Boa Vista, ela tem dimensões inferiores à Avenida Caxangá, então não poderia existir o mesmo resultado. Houve a insistência de técnicos sobre a instalação desse corredor, o qual já era esperado um conflito maior, e foi com muita luta que a prefeitura, na boa intenção de dar um resultado favorável para a população, construiu esse corredor, já que a grande parte da população utiliza o transporte público.

VA – Sobre o projeto do corredor da Avenida Agamenon Magalhães. O que vocês têm em mente?

EC – Vimos algumas soluções de transporte elevado, com a construção de um corredor em cima do canal, para atender a demanda que temos de norte sul da cidade. Vimos um grande tráfego na Agamenon, por ser a primeira perimetral a ser usada pelos motoristas para se deslocar de norte a sul da cidade. Então, é uma via muito solicitada. Como tem uma demanda desse tamanho, a Prefeitura da Cidade do Recife pensa em colocar um transporte elevado para reduzir o número de veículos. Entretanto, esse projeto ainda está em estudo e nós acreditamos que poderá trazer benefícios e malefícios. Malefícios, pois a Agamenon Magalhães é uma avenida muito solicitada. Visando colocar um corredor elevado para transporte público o índice de pedestres nas ruas vai ser aumentado, causando assim um congestionamento ainda maior.

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