Setembro de 2009
O Professor Marcilio Lins Reinaux é Cerimonialista, Mestre de Cerimônias, Fundador e Presidente da Academia Brasileira de Cerimonial e protocolo - ABCP. Professor de História da Arte, (aposentado) da Universidade Federal de Pernambuco. Historiador, Pesquisador e Escritor, tendo escrito 32 livros publicados, dos quais seis são Prêmios literários de diversas Instituições Culturais de Pernambuco e cinco tratam dos assuntos de Cerimonial. É Relações Públicas Fundador do Conselho Federal de Relações Públicas, Advogado e Jornalista.
ENTREVISTA
Grupo: O que o senhor acha que as pessoas pensam sobre Humanidade de Transcendência?
Marcilio: “As pessoas pensarem sobre Humanidade e Transcendência é uma colocação bastante ampla. Até por que, quando se fala de Humanidade, está se falando de todas as civilizações do universo, entendido como somente o planeta terra e todos os seus habitantes. Então, falar de Humanidade tem alguns aspectos interessantes. Primeiro é saber que isso é uma visão muito ampla do contexto que abriga todos os seres viventes, no caso o ser humano. Humanidade é tudo. Humanidade somos nós brasileiros, são os índios, são os Australianos, são os povos da antiguidade... Então a Humanidade é esse conjunto de pessoas que formam os diversos seguimentos da sociedade. Juntando a pergunta de Humanidade com Transcendência, entramos aí num qualificativo bastante amplo, por que a partir do significado da expressão ‘transcendência’, aquilo que ultrapassa, extrapola, sai de um contexto para ir a um contexto maior, o conhecimento do homem é transcendental, ele transcende de algum momento, de algum espaço restrito.”
Grupo: O senhor está preparado para a morte?
Marcilio: “Sim. Estou preparado para a morte, pois sou Cristão. E Cristão é aquele que crê, não no cristianismo enquanto religião, mas no fundador do cristianismo, Jesus Cristo. A palavra de Deus, extrapolada na bíblia, primeiro precisa crer nela para poder anunciar o que se quer dizer, diz nos evangelhos uma expressão muito importante: ‘Crê no Senhor Jesus e serás salvo. Aquele que crê tem a vida eterna.’. Eu creio, por isso tenho a vida eterna. Estou pronto para a morte, pois a morte é a passagem dessa vida para a vida eterna. E ela, para quem está nos braços desse chamamento amável, amoroso, da parte de Deus através de Jesus Cristo dá uma segurança muito grande aos que crêem. E qualquer pessoa pode crer. Agora é necessário que essa crença não seja superficial, seja do fundo do coração.”
Grupo: O que o senhor acha da diversidade de religiões que se tem hoje em dia?
Marcilio: “As diversidades religiosas são várias desde o advento da era cristã, e muito antes da era cristã até os diversos segmentos adotados pelos povos antigos. Quem lê a historia do antigo testamento vai observar que há uma quantidade enorme de opções para se seguir a fundamentos religiosos. Depois do advento do Cristianismo, nós podemos observar que houve uma proliferação de religiões ou de seguimentos religiosos. Esses segmentos foram determinados por interesses da própria sociedade. A religião Cristã, única, foi fragmentada, esmaecida, diversificada e surgiram, então, diversos outros seguimentos. A religião Cristã, vindo do Cristianismo, em meados do século XVI, havia se corroído bastante, se voltado muito para os aspectos materiais... Havia sido tornada muito mundana, vulnerável às coisas do mundo, condenada por isso mesmo e em determinada época houve cisões, e a grande cisão foi a do século XVI. A atitude do grande frade Martinho Lutero, que protestou nas portas da igreja de Gutenberg as suas noventa e seis teses dizendo o porquê da igreja Católica ter sido desviada do Cristianismo. De lá pra cá, houve uma proliferação. E nos últimos quinze anos, a quantidade de religiões ou de seguimentos ditos ‘religiosos’ proliferaram muito a serviço de comportamento mercenário, mercantilista. As igrejas, ditas ‘igrejas’, dentro da linha chamada protestante, mais do que a igreja tradicional Católica, passaram a ser indústrias da fé. Se você trabalhar mais, der mais dinheiro conseguirá o que quer. Mesma coisa lá no século XVI, com as indulgências. Então, essa proliferação mostrou uma quantidade muito grande de pessoas interesseiras, imediatistas, querendo tirar proveito e aí é fácil tirar proveito da religião, por que a ela traz sempre no seu bojo uma quantidade muito grande de pessoas modestas, simples de origem humilde e são essas pessoas que são tratadas e levadas por essas empresas multinacionais da fé. Elas proliferaram e ninguém sabe onde vai parar essa ‘avalanche’ de ‘igrejas’ oferecendo ‘mil maravilhas’ e o ‘céu pra todo mundo’.”
Grupo: A bíblia já sofreu várias alterações desde quando foi transcrita pela primeira vez. No seu ponto de vista, pode-se confiar nas cópias de hoje em dia?
Marcilio: “Sim. Com as historiografias do novo testamento e os grandes documentos, os papiros dos escritos sagrados foram achados nas furnas de Curan, em Jerusalém. Foram achados os originais dos escritos do antigo testamento. O novo testamento foi escrito por pessoas já conhecidas por nós, há dois mil anos o apóstolo Paulo escrevia as suas epístolas. Os quatros evangelistas estavam escrevendo também o evangelho de Jesus Cristo. E os diversos autores escreveram os livros que foram testemunhados. As pessoas viram e sentiram. Escritos na língua materna da bíblia, aramaico, hebraico, depois passou pelo grego, pelo latim e assim para todos os idiomas. Essas versões da bíblia se modificaram, modernizaram e ficaram moderna de tal ponto que algumas editoras enxertaram a bíblia com um linguaja comum, vulgar, quando não pode, pois a bíblia é um livro sagrado.”
Grupo: A fé das pessoas aumentou ou diminuiu com o passar dos séculos?
Marcilio: “‘A fé é o firme fundamento das coisas que não se veem e a certeza das coisas que se esperam’. Essa é a tradução da fé. A fé não aumentou nem diminuiu, ela continua a disposição de todas as pessoas. Ninguém pode obrigar ao outro a ter fé. A fé é pelo ‘ouvir’, pelo ‘falar’. Falar o que? A palavra de Deus. Então a bíblia fala sobre a fé. É o firme fundamento das coisas que não se veem, mas são as coisas de nós cremos. Então nós não vimos à vida de Cristo... Não vimos sua trajetória, sua obra, sua morte, sua ressurreição, não vimos com os olhos, mas pela fé, nós cremos. Então a fé não está nem mais, nem menos. Até porque a fé é do povo, não do povo como um todo, mas o comportamento específico de cada pessoa. As pessoas não creem na mesma forma, pois o crer é ouvir. Ouve-se a palavra de Deus, lê-se a palavra de Deus e o Espírito Santo de Deus toca no coração das pessoas para transformá-lo. E ao transformar dá esse sentimento, essa certeza da salvação. Então a fé é o firme fundamento de que nos fala a palavra de Deus.
Créditos:
- Perguntas
Angélica Zenith
Marcone Marques
Vítor Albuquerque
- Idealização
Angélica Zenith
Vítor Albuquerque
- Entrevista
Vítor Albuquerque
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