Outubro de 2010
O livro conta a história de mulheres sofridas da China. A jornalista Xinram que trabalha em um programa de rádio no país, segue em uma jornada por quase toda a China atrás de depoimentos que mostrem a realidade dessas mulheres. Muitas molestadas e subjugadas e nem conhecimento disso têm, pois são completamente distantes do mundo real, do mundo ocidental.
O que chama mais atenção é o trabalho delas. Mas, não é trabalho fora. Muitas passam o dia cuidando da casa e dos filhos. Completamente impedidas de sair de casa e de trabalharem. Têm de esperar o marido voltar do trabalho e ainda dá conta de tudo e de satisfazê-lo sexualmente. Mas, em muitas aldeias, há um tipo de “monogamia”. Em casas mais pobres, há uma mulher para todos os irmãos da família, ou seja, ela terá de se relacionar sexualmente com todos; usada somente como objeto.
Cada história tem um forte apelo emocional e serve para mostrar a realidade da China oculta do mundo ocidental. Muitos desse mundo não conhecem o tratamento que as mulheres da China recebem. A autoridade reina em muitas famílias, e quem desobedecer, recebe um enorme castigo; muitos são pauladas, moléstia, estupros e até a morte por asfixia ou outras causas mais chocantes.
O machismo é a principal causa disso tudo. A autoridade vai passando de pai para filho, para os netos e assim sucessivamente. Não há como impedir. As mulheres chinesas não têm coragem de enfrentar e acabam cedendo.
A repressão é tamanha que a jornalista Xinram só consegue escrever seu livro “As mulheres da China” depois que se muda de lá. O livro, além de histórias pessoais, nos traz muito sobre a geografia, sobre a história, cultura, hábitos e costumes do povo da China.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Matérias diversas - Língua portuguesa e Jornalismo
Agosto de 2010
Violência
Assalto registrado em Brasília Teimosa
Um assalto a uma residência no bairro de Brasília Teimosa, zona Sul do Recife, deixou duas pessoas feridas e causou pânico a comunidade.
Severina Francisca da Silva, 53 anos e Claudia Francisca da Silva, 49, irmãs, estavam chegando em casa quando foram abordadas por dois homens trajando preto e portando armas. De acordo com testemunhas, Severina reagiu ao assalto, fazendo com que um dos bandidos atirasse. O projétil atingiu o braço de Claudia e atraiu toda a vizinhança. Os ladrões entraram na residência das irmãs e roubaram eletrodomésticos e algumas roupas. A polícia foi acionada, mas os criminosos conseguiram fugir. Claudia foi levada ao hospital da Restauração e passa bem.
Futebol
Dessa vez deu Leão!
O campeonato Pernambucano terminou ontem com o clássico Sport e Náutico no estádio da Ilha do Retiro. O Leão venceu com um placar apertado de 1x0, sendo assim pentacampeão pernambucano, chegando mais perto do famoso “Hexa” do timbu.
O time rubro-negro apresentou grande falha na zaga e também na defesa no primeiro tempo, mesmo assim, aos 44 minutos, Ciro, artilheiro do time, marcou um gol. Já no segundo tempo, o time do leão chegou com muito mais ataque, mas continuou falhando na zaga. O time do Náutico teve diversas chances de marcar um gol, mas o goleiro Magrão salvou o Sport. Com o resultado, o time campeão causou euforia aos torcedores e a avenida Abdias de Carvalho permaneceu fechada por mais de 30 minutos depois do jogo, para que todos os torcedores pudessem sair. O tráfego foi liberado pelo batalhão de polícia, 45 minutos depois da partida.
Saúde
Novo tratamento contra o câncer.
Depois da quase cura da AIDS, estudada pelo médico/cientista Luiz Cláudio Arraes no ano de 2008, agora, o cientista Claudio Manoel da Costa descobriu no Recife, um novo tratamento para o câncer cerebral.
O estudioso descobriu que células tronco retiradas da placenta do urso Panda podem ter efeito curativo ao câncer. O cientista informou que o tratamento poderá ser testado em cobaias depois da autorização prévia do IBAMA, já que a espécie animal citada encontra-se em extinção.
Tecnologia
Computador que lê até pensamentos
Já não basta a criação de robôs e máquinas. A última agora do famoso cientista Geraldo Geração, dono do maior laboratório de pesquisas científicas de São Paulo, “G.G. Tecnologia”, é um computador que lê pensamentos, o sonho de muitas pessoas.
O especialista tem realizado testes no aparelho e informou que o mesmo poderá ser muito eficaz em investigações policiais, permitindo aos profissionais a leitura dos pensamentos dos criminosos, ajudando a descobrir se eles estão realmente falando a verdade.
O computador não será comercializado ao público, já que o governo federal não permitiu, alegando ser invasão de privacidade alheia.
Violência
Assalto registrado em Brasília Teimosa
Um assalto a uma residência no bairro de Brasília Teimosa, zona Sul do Recife, deixou duas pessoas feridas e causou pânico a comunidade.
Severina Francisca da Silva, 53 anos e Claudia Francisca da Silva, 49, irmãs, estavam chegando em casa quando foram abordadas por dois homens trajando preto e portando armas. De acordo com testemunhas, Severina reagiu ao assalto, fazendo com que um dos bandidos atirasse. O projétil atingiu o braço de Claudia e atraiu toda a vizinhança. Os ladrões entraram na residência das irmãs e roubaram eletrodomésticos e algumas roupas. A polícia foi acionada, mas os criminosos conseguiram fugir. Claudia foi levada ao hospital da Restauração e passa bem.
Futebol
Dessa vez deu Leão!
O campeonato Pernambucano terminou ontem com o clássico Sport e Náutico no estádio da Ilha do Retiro. O Leão venceu com um placar apertado de 1x0, sendo assim pentacampeão pernambucano, chegando mais perto do famoso “Hexa” do timbu.
O time rubro-negro apresentou grande falha na zaga e também na defesa no primeiro tempo, mesmo assim, aos 44 minutos, Ciro, artilheiro do time, marcou um gol. Já no segundo tempo, o time do leão chegou com muito mais ataque, mas continuou falhando na zaga. O time do Náutico teve diversas chances de marcar um gol, mas o goleiro Magrão salvou o Sport. Com o resultado, o time campeão causou euforia aos torcedores e a avenida Abdias de Carvalho permaneceu fechada por mais de 30 minutos depois do jogo, para que todos os torcedores pudessem sair. O tráfego foi liberado pelo batalhão de polícia, 45 minutos depois da partida.
Saúde
Novo tratamento contra o câncer.
Depois da quase cura da AIDS, estudada pelo médico/cientista Luiz Cláudio Arraes no ano de 2008, agora, o cientista Claudio Manoel da Costa descobriu no Recife, um novo tratamento para o câncer cerebral.
O estudioso descobriu que células tronco retiradas da placenta do urso Panda podem ter efeito curativo ao câncer. O cientista informou que o tratamento poderá ser testado em cobaias depois da autorização prévia do IBAMA, já que a espécie animal citada encontra-se em extinção.
Tecnologia
Computador que lê até pensamentos
Já não basta a criação de robôs e máquinas. A última agora do famoso cientista Geraldo Geração, dono do maior laboratório de pesquisas científicas de São Paulo, “G.G. Tecnologia”, é um computador que lê pensamentos, o sonho de muitas pessoas.
O especialista tem realizado testes no aparelho e informou que o mesmo poderá ser muito eficaz em investigações policiais, permitindo aos profissionais a leitura dos pensamentos dos criminosos, ajudando a descobrir se eles estão realmente falando a verdade.
O computador não será comercializado ao público, já que o governo federal não permitiu, alegando ser invasão de privacidade alheia.
Análise sobre o filme "Quarto Poder" - Ética Jornalísitca
Setembro de 2010
Max Brackett (Dustin Hoffman) – Repórter
O reporter Max Brackett, freelancer da emissora KXBD do estado da California (EUA), é um homem bastante curioso e insistente. Ele tenta conseguir de qualquer maneira matérias quentes para sua emissora contratante. Conversa com Lou (Robert Prosky), seu cehfe de departamento, sobre pôr no ar uma matéria de um homem acusado de alguns processos no estado. Lou afirma que seria uma exposição desnecessária, pois o réu ainda não tinha participado das audiências judiciais. Mas Max insiste na matéria. Ele nem sequer dá conta da gravidade que esse caso poderia causar. Irritado, Lou manda Max para uma entrevista com a dona de um museu, onde haviam sido demitidos diversos empregados por motivos financeiros. Matéria feita, tudo cero, Max vai ao banheiro e, sem perceber estava no meio de uma tentativa de assassinato de um dos ex-empregados do museu, Sam Baily (John Travolta). Na mesma hora, Max liga para sua assistente do lado de fora do museu e conta o caso. Ela liga para Lou e Max diz que essa seria a matéria do ano. O comportamento de Max a frente de todo esse “circo” é muito de interesses em sua carreira. Ele não da conta da situação de risco que ele se envolvera. Havia crianças e adultos reféns, e Max, assim mesmo, preferiu não chamar a polícia. Exigiu que sua assistente chamasse a emissora para o local e ele conseguir um furo de reportagem que iria fazer sua carreira explodir. - É impressionante a capacidade do repórter de somente se preocupar com o furo, e não com sua vida e na vida dos outros. - Logo em seguida, Sam encontra Max no banheiro narrando tudo que estava ocorrendo dentro do museu para o país. - Num momento do filme, eu fiquei completamente surpreso. Na hora em que o suposto assassino dá de cara com o repórter; Max pega o microfone e pergunta se Sam queria dar alguma satisfação ao público e ainda mais, sendo apontado por uma arma, agindo como se nada estivesse acontecendo. É completamente inacreditável a reação de Max à frente disso tudo. - Resumindo; o repórter vai manipulando a cabeça de Sam ao longo do tempo. Fazendo uma série de perguntas, tentando acalmar o suspeito. Mas, tudo que Max queria era uma entrevista exclusiva com Sam Baily. Imagine só; a carreira do repórter iria explodir. Mesmo numa situação de alto risco, Max Brackett prefere sua matéria. A manipulação de Max sobre Sam é tamanha que ele domina a situação. Tanto é que podia sair e entrar do museu quando bem entendesse. Ele consegue a confiança de Sam ao longo do tempo. - O que mais me chama atenção no filme é a frieza com que Max trata Sam. Ele parece estar bem calmo e não vê a gravidade da situação. Volto a repetir, seu único interesse é a matéria, a exclusiva, o furo de reportagem. - Finalmente, ele consegue sua exclusiva, expondo o rosto de Sam para todo o país. Uma coisa completamente errada a meu ver. A imprensa é responsável por muitos casos, e aquele que ela expor primeiro, ficará guardado na memória do público para sempre. Max manipula Sam de uma forma para ele parecer uma boa pessoa, e consegue. Depois da entrevista, 59% do país passa a acreditar que Sam é uma pessoa boa. Mas, ao longo do tempo, ele vai enlouquecendo, e quando recebe a ligação de sua esposa, tentando fazer com que ele desista de tudo; ele a vê pela TV no momento de sua conversa, ouvindo instruções do chefe de polícia. Sam entra em desespero e atira para o alto, pela janela, fazendo com que as pessoas voltassem a pensar que ele era uma pessoa má. Max pede a ilha de edição e manda sua assistente entrevistar uma série de pessoas que pudessem ajudar Sam, - o que me deixou confuso, será que ele queria mesmo ajudar Sam ou não? Será que ele só estava manipulando para conseguir mais uma entrevista? - Enfim; Max edita as matérias de uma forma contrária ao que elas diziam, mudando assim o depoimento dos entrevistados. Mais um absurdo em troca de matérias e promoções na carreira. O caso vira um verdadeiro “circo”. Câmeras por toda parte, policiais manipulados pela imprensa, representada por Max, as entrevistas concedidas por Sam pareciam um show etc. Ao final, Sam libertou todas as crianças e reféns e explodiu o museu com ele dentro. Max gritou para a imprensa do local que eles haviam matado Sam Baily. - A meu ver, correto. Nada é pior do que a pressão e o poder da imprensa e da mídia.
Laurie Callahan (Mia Kirshner) – Estagiária
No começo do filme, Laurie é bastante ingênua no mundo da mídia. Preocupa-se bastante com o próximo. Muito diferente de Max Brackett, que era frio e só pensava em sua carreira. O comportamento da estagiária vai mudando aos poucos com a convivência com Max. Laurie estava sendo “envenenada” pelo poder da mídia. Ao longo do caso, sua opinião muda e ela se transforma em um novo “Max Brackett”, apoiando a manipulação e ajudando nas entrevistas. Tudo para manter seu emprego. - O que me desperta a atenção é como todo jornalista faz de tudo para não perder seu emprego. Até expor a imagem de um suspeito, até editar depoimentos para conseguir audiência, e sabemos que não só ocorre num filme, temos diversos programas de sensacionalismo no ar. - Ao final, Laurie está completamente “batizada” e já aceita o sensacionalismo de forma completamente normal. Um exemplo explícito é o momento em que Max aparece ferido e sangrando por toda face e ela se aproxima para realizar uma exclusiva com Max, fazendo uma série de perguntas e mandando Max não limpar os ferimentos para causar uma impressão assustadora do ocorrido. Ela nem sequer lembra de que ele foi seu chefe. Laurie estava ali somente para conseguir sua entrevista.
Kevin Hollander (Alan Alda) - Âncora de rede
Kevin Hollander, âncora do programa da KXBD em Nova York, é também bastante manipulador, assim como Max Brackett. Os dois têm um passado meio perturbador. Max acabou com uma matéria de Kevin há anos atrás, falando asneiras ao vivo. Kevin ficou completamente constrangido e nunca esqueceu o ocorrido. Hoje, ele quer se vingar, roubando matérias de Max. O repórter alega que a história é dele, mas o assistente de Kevin afirma que é propriedade da emissora. Tudo gira em torno da matéria, da exclusiva, do furo de reportagem. Ninguém lembra de que há um ser humano, que errou no meio disso tudo. O que eles querem é o sensacionalismo, é expor completamente a imagem de Sam para conseguir mais audiência... Kevin ameaça a carreira de Max para conseguir sua entrevista exclusiva com Sam, mas Max desiste e cede para um dos maiores shows influenciáveis da TV americana, “Larry King Show”. Kevin fica bastante irritado e consegue artifícios para prejudicar a carreira de Max. Edita as entrevistas e consegue gravações suspeitas de Max conversando com Sam, mostrando a manipulação. Acabou também com a boa imagem do suspeito, expondo-o ainda mais. A ética jornalística é completamente esquecida por toda imprensa.
Cinegrafistas
Os cinegrafistas são os piores, no sentido de expor a imagem do público. No momento em que duas crianças são libertadas, eles ultrapassam o limite permitido pela polícia, sem nenhum escrúpulo, e chegam bem próximos das reféns, fazendo diversas perguntas, assustando as mesmas. O respeito vai embora, e a exposição continua, agora pior, expor vítimas menores de idades. Não achando pouco, se disfarçam de médicos e entram no hospital em que Cliff, guarda de segurança do museu atingido acidentalmente por um tiro por Sam Baily, está internado, tentando conseguir uma entrevista ou imagens chocantes. Invadem o quarto de Cliff para conseguir imagens através da janela do quarto do hospital, se estabilizam na frente da casa da esposa de Sam Baily, expõem as vítimas e os envolvidos, amigos, parentes e família do suspeito. Não há limites, tudo para conseguir a famosa “exclusiva”. Ao fim de tudo, quando todos são libertados, os cinegrafistas correm para conseguir imagens em primeira mão dos reféns.
[...] O filme mostra todo o poder da mídia em cima de casos como este. Até quando vai esse sensacionalismo absurdo do chamado “quarto poder”? É triste ver que jornalistas formados, infringem o código ético jornalístico, que visa a privacidade da vítima. O artigo de número dois parágrafo primeiro afirma que: “a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente da linha política de seus proprietários e/ou diretores ou da natureza econômica de suas empresas”, o que é completamente descumprido pela maioria dos jornalistas de hoje. Alguns deles até divulgam dados falsos, para conseguir uma boa matéria. É um absurdo como a imprensa consegue manipular todo e qualquer tipo de pessoa. É um veículo altamente poderoso e capaz de mudar e formar opiniões num piscar de olhos. No filme, o repórter Max Brackett consegue mudar os pensamentos de Sam diversas vezes. Nas entrevistas, ele consegue com que Sam fale de um modo comum, como se nada estivesse acontecendo, manipulando Sam e o telespectador ao mesmo tempo. É um poder assustador. Esse poder é tão grande que consegue mudar opiniões e visões, como o caso da estagiária Laurrie Callahan, que era contra o sensacionalismo, contra a manipulação e foi influenciada, mudando de ideia a respeito de tudo isso. No mundo da mídia, da imprensa, há competições, e quem for melhor, e mais influenciador, consegue o que quer. Kevin, o âncora, se vinga de Max, por ter destruído sua matéria há tempos atrás. Não há escrúpulos, não há companheirismo nem coleguismo. Quem conseguir a matéria mais drástica, mais chamativa, mais chocante, é o melhor. Podendo até prejudicar a carreira do colega jornalista. Cinegrafistas estão cada dia mais invasores da vida privada. Chegam a expor descaradamente a imagem das vítimas e dos suspeitos. Assustam o público que não está acostumado. E eles não se importam. Quanto mais assustadores forem, melhor. O sensacionalismo virou uma arma poderosa a favor da imprensa. O absurdo maior dos cinegrafistas no filme é o disfarce para invadir o hospital e conseguir cenas chocantes. Outro é a invasão de privacidade no quarto da vítima baleada, filmando a mesma pela janela do quarto do hospital. A ética foi perdida. [...]
Max Brackett (Dustin Hoffman) – Repórter
O reporter Max Brackett, freelancer da emissora KXBD do estado da California (EUA), é um homem bastante curioso e insistente. Ele tenta conseguir de qualquer maneira matérias quentes para sua emissora contratante. Conversa com Lou (Robert Prosky), seu cehfe de departamento, sobre pôr no ar uma matéria de um homem acusado de alguns processos no estado. Lou afirma que seria uma exposição desnecessária, pois o réu ainda não tinha participado das audiências judiciais. Mas Max insiste na matéria. Ele nem sequer dá conta da gravidade que esse caso poderia causar. Irritado, Lou manda Max para uma entrevista com a dona de um museu, onde haviam sido demitidos diversos empregados por motivos financeiros. Matéria feita, tudo cero, Max vai ao banheiro e, sem perceber estava no meio de uma tentativa de assassinato de um dos ex-empregados do museu, Sam Baily (John Travolta). Na mesma hora, Max liga para sua assistente do lado de fora do museu e conta o caso. Ela liga para Lou e Max diz que essa seria a matéria do ano. O comportamento de Max a frente de todo esse “circo” é muito de interesses em sua carreira. Ele não da conta da situação de risco que ele se envolvera. Havia crianças e adultos reféns, e Max, assim mesmo, preferiu não chamar a polícia. Exigiu que sua assistente chamasse a emissora para o local e ele conseguir um furo de reportagem que iria fazer sua carreira explodir. - É impressionante a capacidade do repórter de somente se preocupar com o furo, e não com sua vida e na vida dos outros. - Logo em seguida, Sam encontra Max no banheiro narrando tudo que estava ocorrendo dentro do museu para o país. - Num momento do filme, eu fiquei completamente surpreso. Na hora em que o suposto assassino dá de cara com o repórter; Max pega o microfone e pergunta se Sam queria dar alguma satisfação ao público e ainda mais, sendo apontado por uma arma, agindo como se nada estivesse acontecendo. É completamente inacreditável a reação de Max à frente disso tudo. - Resumindo; o repórter vai manipulando a cabeça de Sam ao longo do tempo. Fazendo uma série de perguntas, tentando acalmar o suspeito. Mas, tudo que Max queria era uma entrevista exclusiva com Sam Baily. Imagine só; a carreira do repórter iria explodir. Mesmo numa situação de alto risco, Max Brackett prefere sua matéria. A manipulação de Max sobre Sam é tamanha que ele domina a situação. Tanto é que podia sair e entrar do museu quando bem entendesse. Ele consegue a confiança de Sam ao longo do tempo. - O que mais me chama atenção no filme é a frieza com que Max trata Sam. Ele parece estar bem calmo e não vê a gravidade da situação. Volto a repetir, seu único interesse é a matéria, a exclusiva, o furo de reportagem. - Finalmente, ele consegue sua exclusiva, expondo o rosto de Sam para todo o país. Uma coisa completamente errada a meu ver. A imprensa é responsável por muitos casos, e aquele que ela expor primeiro, ficará guardado na memória do público para sempre. Max manipula Sam de uma forma para ele parecer uma boa pessoa, e consegue. Depois da entrevista, 59% do país passa a acreditar que Sam é uma pessoa boa. Mas, ao longo do tempo, ele vai enlouquecendo, e quando recebe a ligação de sua esposa, tentando fazer com que ele desista de tudo; ele a vê pela TV no momento de sua conversa, ouvindo instruções do chefe de polícia. Sam entra em desespero e atira para o alto, pela janela, fazendo com que as pessoas voltassem a pensar que ele era uma pessoa má. Max pede a ilha de edição e manda sua assistente entrevistar uma série de pessoas que pudessem ajudar Sam, - o que me deixou confuso, será que ele queria mesmo ajudar Sam ou não? Será que ele só estava manipulando para conseguir mais uma entrevista? - Enfim; Max edita as matérias de uma forma contrária ao que elas diziam, mudando assim o depoimento dos entrevistados. Mais um absurdo em troca de matérias e promoções na carreira. O caso vira um verdadeiro “circo”. Câmeras por toda parte, policiais manipulados pela imprensa, representada por Max, as entrevistas concedidas por Sam pareciam um show etc. Ao final, Sam libertou todas as crianças e reféns e explodiu o museu com ele dentro. Max gritou para a imprensa do local que eles haviam matado Sam Baily. - A meu ver, correto. Nada é pior do que a pressão e o poder da imprensa e da mídia.
Laurie Callahan (Mia Kirshner) – Estagiária
No começo do filme, Laurie é bastante ingênua no mundo da mídia. Preocupa-se bastante com o próximo. Muito diferente de Max Brackett, que era frio e só pensava em sua carreira. O comportamento da estagiária vai mudando aos poucos com a convivência com Max. Laurie estava sendo “envenenada” pelo poder da mídia. Ao longo do caso, sua opinião muda e ela se transforma em um novo “Max Brackett”, apoiando a manipulação e ajudando nas entrevistas. Tudo para manter seu emprego. - O que me desperta a atenção é como todo jornalista faz de tudo para não perder seu emprego. Até expor a imagem de um suspeito, até editar depoimentos para conseguir audiência, e sabemos que não só ocorre num filme, temos diversos programas de sensacionalismo no ar. - Ao final, Laurie está completamente “batizada” e já aceita o sensacionalismo de forma completamente normal. Um exemplo explícito é o momento em que Max aparece ferido e sangrando por toda face e ela se aproxima para realizar uma exclusiva com Max, fazendo uma série de perguntas e mandando Max não limpar os ferimentos para causar uma impressão assustadora do ocorrido. Ela nem sequer lembra de que ele foi seu chefe. Laurie estava ali somente para conseguir sua entrevista.
Kevin Hollander (Alan Alda) - Âncora de rede
Kevin Hollander, âncora do programa da KXBD em Nova York, é também bastante manipulador, assim como Max Brackett. Os dois têm um passado meio perturbador. Max acabou com uma matéria de Kevin há anos atrás, falando asneiras ao vivo. Kevin ficou completamente constrangido e nunca esqueceu o ocorrido. Hoje, ele quer se vingar, roubando matérias de Max. O repórter alega que a história é dele, mas o assistente de Kevin afirma que é propriedade da emissora. Tudo gira em torno da matéria, da exclusiva, do furo de reportagem. Ninguém lembra de que há um ser humano, que errou no meio disso tudo. O que eles querem é o sensacionalismo, é expor completamente a imagem de Sam para conseguir mais audiência... Kevin ameaça a carreira de Max para conseguir sua entrevista exclusiva com Sam, mas Max desiste e cede para um dos maiores shows influenciáveis da TV americana, “Larry King Show”. Kevin fica bastante irritado e consegue artifícios para prejudicar a carreira de Max. Edita as entrevistas e consegue gravações suspeitas de Max conversando com Sam, mostrando a manipulação. Acabou também com a boa imagem do suspeito, expondo-o ainda mais. A ética jornalística é completamente esquecida por toda imprensa.
Cinegrafistas
Os cinegrafistas são os piores, no sentido de expor a imagem do público. No momento em que duas crianças são libertadas, eles ultrapassam o limite permitido pela polícia, sem nenhum escrúpulo, e chegam bem próximos das reféns, fazendo diversas perguntas, assustando as mesmas. O respeito vai embora, e a exposição continua, agora pior, expor vítimas menores de idades. Não achando pouco, se disfarçam de médicos e entram no hospital em que Cliff, guarda de segurança do museu atingido acidentalmente por um tiro por Sam Baily, está internado, tentando conseguir uma entrevista ou imagens chocantes. Invadem o quarto de Cliff para conseguir imagens através da janela do quarto do hospital, se estabilizam na frente da casa da esposa de Sam Baily, expõem as vítimas e os envolvidos, amigos, parentes e família do suspeito. Não há limites, tudo para conseguir a famosa “exclusiva”. Ao fim de tudo, quando todos são libertados, os cinegrafistas correm para conseguir imagens em primeira mão dos reféns.
[...] O filme mostra todo o poder da mídia em cima de casos como este. Até quando vai esse sensacionalismo absurdo do chamado “quarto poder”? É triste ver que jornalistas formados, infringem o código ético jornalístico, que visa a privacidade da vítima. O artigo de número dois parágrafo primeiro afirma que: “a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente da linha política de seus proprietários e/ou diretores ou da natureza econômica de suas empresas”, o que é completamente descumprido pela maioria dos jornalistas de hoje. Alguns deles até divulgam dados falsos, para conseguir uma boa matéria. É um absurdo como a imprensa consegue manipular todo e qualquer tipo de pessoa. É um veículo altamente poderoso e capaz de mudar e formar opiniões num piscar de olhos. No filme, o repórter Max Brackett consegue mudar os pensamentos de Sam diversas vezes. Nas entrevistas, ele consegue com que Sam fale de um modo comum, como se nada estivesse acontecendo, manipulando Sam e o telespectador ao mesmo tempo. É um poder assustador. Esse poder é tão grande que consegue mudar opiniões e visões, como o caso da estagiária Laurrie Callahan, que era contra o sensacionalismo, contra a manipulação e foi influenciada, mudando de ideia a respeito de tudo isso. No mundo da mídia, da imprensa, há competições, e quem for melhor, e mais influenciador, consegue o que quer. Kevin, o âncora, se vinga de Max, por ter destruído sua matéria há tempos atrás. Não há escrúpulos, não há companheirismo nem coleguismo. Quem conseguir a matéria mais drástica, mais chamativa, mais chocante, é o melhor. Podendo até prejudicar a carreira do colega jornalista. Cinegrafistas estão cada dia mais invasores da vida privada. Chegam a expor descaradamente a imagem das vítimas e dos suspeitos. Assustam o público que não está acostumado. E eles não se importam. Quanto mais assustadores forem, melhor. O sensacionalismo virou uma arma poderosa a favor da imprensa. O absurdo maior dos cinegrafistas no filme é o disfarce para invadir o hospital e conseguir cenas chocantes. Outro é a invasão de privacidade no quarto da vítima baleada, filmando a mesma pela janela do quarto do hospital. A ética foi perdida. [...]
Assessor X Jornalista - Ética Jornalística
Outubro de 2010
-> O Código de Ética do Jornalista se aplica ao assessor de imprensa?
Não. Pois assessor de imprensa é aquele que trabalha direcionado somente a seu cliente. Ele defende sua empresa. O jornalista não. Ele defende todas as áreas. Mas, como em todo caso, há exceções. Por exemplo: O Jornal do Commercio, onde JCPM é o dono, os jornalistas que trabalham lá, em momento algum poderão escrever matérias prejudicando algum empreendimento do JCPM. Já um assessor de imprensa do clube Náutico Capibaribe, não poderá nunca falar das dívidas e dos problemas que o time vem sofrendo. O trabalho dele é somente defender, mesmo estando errado. Há jornais que hoje tentam chegar ao máximo à imparcialidade, como a Folha de Pernambuco, que fala de toda a cidade, sem exceções. O artigo primeiro do código ético jornalístico diz: “...tem como base o direito fundamental do cidadão à informação, que abrange seu o direito de informar, de ser informado e de ter acesso à informação.” mas, que tipo de informação? É a informação que o leitor quer saber ou a que o jornalista quer que o leitor saiba? É um tipo de indução ao leitor? Passar a informação é o trabalho do jornalista, mas de forma mais neutra possível. O artigo segundo, parágrafo primeiro diz que: “a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente de sua natureza jurídica – se pública, estatal ou privada – e da linha política de seus proprietários e/ou diretores.”. O assessor de imprensa deve passar a informação sobre seu cliente, mas diversas vezes ele omite, dando credibilidade à empresa em que trabalha. Deveria haver outro código de ética para o Assessor de Imprensa. Deve-se ter muito cuidado com informações passadas por ele, pois podem ser de extrema fragilidade.
-> O Código de Ética do Jornalista se aplica ao assessor de imprensa?
Não. Pois assessor de imprensa é aquele que trabalha direcionado somente a seu cliente. Ele defende sua empresa. O jornalista não. Ele defende todas as áreas. Mas, como em todo caso, há exceções. Por exemplo: O Jornal do Commercio, onde JCPM é o dono, os jornalistas que trabalham lá, em momento algum poderão escrever matérias prejudicando algum empreendimento do JCPM. Já um assessor de imprensa do clube Náutico Capibaribe, não poderá nunca falar das dívidas e dos problemas que o time vem sofrendo. O trabalho dele é somente defender, mesmo estando errado. Há jornais que hoje tentam chegar ao máximo à imparcialidade, como a Folha de Pernambuco, que fala de toda a cidade, sem exceções. O artigo primeiro do código ético jornalístico diz: “...tem como base o direito fundamental do cidadão à informação, que abrange seu o direito de informar, de ser informado e de ter acesso à informação.” mas, que tipo de informação? É a informação que o leitor quer saber ou a que o jornalista quer que o leitor saiba? É um tipo de indução ao leitor? Passar a informação é o trabalho do jornalista, mas de forma mais neutra possível. O artigo segundo, parágrafo primeiro diz que: “a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente de sua natureza jurídica – se pública, estatal ou privada – e da linha política de seus proprietários e/ou diretores.”. O assessor de imprensa deve passar a informação sobre seu cliente, mas diversas vezes ele omite, dando credibilidade à empresa em que trabalha. Deveria haver outro código de ética para o Assessor de Imprensa. Deve-se ter muito cuidado com informações passadas por ele, pois podem ser de extrema fragilidade.
Rotinas e mecanismos de produção: Estudo sobre o programa "Bom dia Pernambuco" - Int. à Rádio e TV
Maio de 2010
1. INTRODUÇÃO
Em uma sociedade em que as desigualdades persistem e onde o acesso à educação ainda é privilégio de poucos, os reflexos da realidade podem ser observados nos índices de analfabetismo populacional. No Brasil, esses índices são extremamente elevados, sobretudo, na região Nordeste em que cerca de 20% da população não sabe ler e escrever. Inserida nessa realidade, a televisão aparece como um dos principais meios de acesso à informação local, nacional e internacional.
Ancorada em técnicas de som, enquadramento, iluminação e imagem, a TV busca captar o público mediante estratégias enunciativas que servem à comunicação. Os noticiários televisivos são considerados os meios pelos quais os indivíduos têm acesso aos acontecimentos da realidade. Sob os princípios da neutralidade, imparcialidade, isenção e honestidade que, em tese, fazem parte do campo jornalístico, os telejornais trabalham ou deveriam trabalhar com o compromisso e a preocupação social junto ao público. Em outras palavras, considerados por alguns teóricos como o espaço que serve como reflexo preciso do real e onde a maioria das pessoas se ancora para a construção da realidade, os telejornais ocupam um espaço de centralidade na formação da sociedade contemporânea.
Levando em consideração que alguns conteúdos jornalísticos desrespeitam a ética e a moral profissional em detrimento aos interesses da empresa ao qual fazem parte, a pesquisa se propõe a analisar algumas reportagens produzidas e transmitidas pelo Bom Dia Pernambuco – telejornal matutino veiculado pela Rede Globo Nordeste. Utilizando como embasamento teórico às teses de Pierre Bourdieu, as análises televisivas de Alfredo Vizeu, e a ética do profissional e os direitos do telespectador trabalhados por Eugênio Bucci, o estudo tem como objetivo analisar o formato do programa, as rotinas de produção, os critérios de noticiabilidade e as formas de tratamento dadas às reportagens do Bom Dia Pernambuco.
2. BOM DIA PERNAMBUCO: O FORMATO DO PROGRAMA
Como programa jornalístico da Rede Globo Nordeste que vai ao ar de segunda a sexta-feira, por volta das 6h30, o Bom Dia Pernambuco, para muitos, é a primeira fonte de notícia diária local. O telejornal é exibido em rede estadual pela TV Asa Branca (Caruaru), TV Grande Rio (Petrolina) e pela TV Golfinho (Fernando de Noronha).
Transmitindo aos telespectadores notícias factuais, entrevistas ao vivo e reportagens especiais, o telejornal procura atender a um público diversificado, que, segundo as pesquisas de audiência, é composto por 52% de mulheres e 48% de homens, com faixa etária de até 40 anos de idade (o público jovem não é muito expressivo). Inserido nesse contexto, segue uma linha editorial focada na veiculação de notícias referentes à economia, política, cultura, cidade, saúde, ao sistema de transporte local, prestação de serviços, dicas de emprego e cursos, opções de lazer e assuntos ligados ao esporte, sobretudo, o futebol.
A apresentação do Bom Dia Pernambuco está, atualmente, sob a responsabilidade da jornalista Meiry Lanunce, que, segundo pesquisas internas, possui excelente domínio televisivo, característica de extrema importância na concepção de Bucci:
“O apresentador do telejornal é outro ingrediente-chave da função do jornalismo de entreter para garantir a audiência. Ele desenvolve com o telespectador um vínculo de familiaridade. [...] Vivemos num tempo em que jornalistas da TV são celebridades”. (BUCCI, 2000, p. 29).
Compondo a equipe do telejornal, há também um editor chefe (Aldo Gusmão), três editores de imagem (Jucielo Freitas, André Deiga e Wellington Swallon), duas produtoras/editoras (Paula Delgado e Thais Toledo), um estagiário e 14 repórteres que, na verdade, não são exclusivos deste telejornal, mas sim de todos os telejornais locais, sendo, portanto, distribuídos por um esquema de escalas.
De acordo com o editor chefe, a rotina de produção na redação do Bom Dia Pernambuco começa cedo. Sendo o primeiro a chegar, por volta das 4h, analisa todas as pautas e VTs para fazer a seleção do que entrará no telejornal e do que será descartado ou “engavetado”. Em seguida, às 5h, Meiry Lanunce, que além de apresentadora é produtora/editora do programa, chega à redação. No mesmo horário chegam dois editores de imagem, Jucielo Freitas e André Deiga, e a produtora/editora, Paula Delgado. À tarde, ocorre uma troca: a produtora/editora, Thais Toledo, comanda o telejornal a partir das 16h, contando com a ajuda do editor de imagem, Wellington Swallon, que chega à redação às 19h.
De segunda a sexta-feira à equipe se reúne às 9h da manhã para reuniões exclusivas do Bom Dia Pernambuco. Às 13h, todos os editores e produtores dos demais telejornais exibidos pela Rede Globo Nordeste se reúnem para uma seleção de pautas. No processo de seleção do que será veiculado ou não, segundo Aldo Gusmão, entra no telejornal aquilo que é considerado de interesse da população. Por exemplo, casos de polícia, desastres naturais e acidentes locais.
Apesar de ser produzido nas primeiras horas do dia, o telejornal matutino não sofre com a ausência de pautas, pelo contrário, a redação possui tantas sugestões da própria produção, de colaboradores e de agências de notícias que, em muitos casos, não consegue colocar todas em prática. Por ser o primeiro telejornal a ir ao ar na TV local, o Bom Dia Pernambuco serve de base para muitos noticiários exibidos posteriormente. Ao levantar assuntos exclusivos sem poder, na maioria das vezes pela pressa na produção/transmissão, exibí-los de modo mais aprofundado, os telejornais seguintes o utilizarão como fonte de notícias para apurar melhor determinados temas e gerar suítes – desdobramentos de matéria.
Dessa forma, observa-se que, antes, os jornalistas concorriam pelo furo de reportagem, para dar a notícia primeiro. Hoje, a concorrência está focada em dar primeiro a informação mais bem apurada. Pelo menos, é com esta preocupação que o Bom Dia Pernambuco diz trabalhar: não basta ter acesso a uma notícia exclusiva e divulgar; é preciso checar, fazer uma apuração precisa e completa. Por causa disso, muitas vezes informações deixam de ser veiculadas no Bom Dia Pernambuco por falta de confirmação do fato dentro do horário de produção.
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
No Brasil, a televisão ocupa um papel de fundamental importância na formação da identidade nacional. Para a maioria das pessoas, é através dela que informações a respeito do mundo são recebidas. Dentro desse contexto, o jornalismo exerce um papel de destaque, já que muitos não lêem jornais ou não têm acesso a outras fontes de conhecimento, ou seja, estão totalmente devotados à televisão como única fonte de informação . Como afirma Alfredo Vizeu, os telejornais têm um espaço significativo na vida das pessoas, por serem relevantes na imagem que elas constroem da realidade .
“A divulgação cotidiana de notícias ajuda a construir imagens culturais que edificam todas as sociedades. [...] Acreditamos que a televisão ocupa cada vez mais um lugar central numa cultura eletronicamente mediada, contribuindo decisivamente para a formação da sociabilidade contemporânea”. (VIZEU, p. 13 e 17)
O jornalismo tem como função social transmitir fatos relevantes e de veracidade, que não comprometam a imagem do profissionalismo e da sociedade. Porém, todo veículo noticioso está atrelado a uma doutrina editorial que exige a adaptação dos profissionais e que, muitas vezes, foge aos preceitos éticos do ofício.
Na teoria, o jornalista deve relatar os fatos de forma neutra e objetiva, sem deixar que a opinião pessoal interfira na cobertura. A mensagem deve ser transmitida tal como ela é e o público deve formar suas próprias conclusões. Dessa forma, objetividade e imparcialidade são vistas como duas premissas ideais. Mas essas premissas, geralmente, não correspondem à realidade diária do fazer jornalístico. Primeiramente, porque não é possível haver total distanciamento de um relato. Qualquer indivíduo, jornalista ou não, apresenta uma visão de mundo que interfere na elaboração de opiniões. E segundo, porque tais premissas podem ser consideradas um mito, já que os veículos de comunicação, inseridos em contextos mercadológicos, apresentam interesses e regras que interferem, restringem e/ou até moldam o material a ser divulgado. Em outras palavras, a imparcialidade e a isenção na transmissão do conteúdo noticioso não são totalmente garantidas.
“A televisão pode, paradoxalmente, ocultar mostrando, mostrando uma coisa diferente do que seria preciso mostrar caso se fizesse o que supostamente se faz, isto é, informar; ou ainda mostrando o que é preciso mostrar, mas de tal maneira que não é mostrado ou se torna insignificante, ou construindo-o de tal maneira que adquire um sentido que não corresponde absolutamente à realidade”. (BOURDIEU, 1997, p. 24)
Em Videologias (2004), Eugênio Bucci aponta como um dos direitos do telespectador ser informado de modo independente, recebendo os dados necessários para que se forme uma opinião própria. Mas também destaca que as emissoras brasileiras, apesar de serem concessões públicas, realizam a chamada censura privada, em que, atreladas a interesses econômicos e políticos, sonegam determinados assuntos ao público. E como ele afirma, a discussão não diz respeito ao dever de todo editor de selecionar, editar e hierarquizar as informações, o problema está no seguinte:
“Os meios de comunicação estão incorporados à lógica econômica de maximização dos mecanismos de mercado, deixando de contemplar as conveniências culturais do conjunto da sociedade para limitar-se a satisfazer os interesses imediatos das entidades ligadas ao negócio da informação. E o setor especializado na produção de informações responde a estes interesses imediatos antes que suas responsabilidades frente à sociedade”. (VIZEU, 2001, p. 64)
O grande problema nessa questão consiste na transformação do jornalismo em um mercado de comunicação, em que a ética é suprimida pelos valores mercadológicos, em que o jornalista adquire o costume de falsear sua relação com os fatos, por meio da impostura da neutralidade. Mas é importante destacar que não é todo meio noticioso que manipula e distorce a informação, pois dessa forma o sistema se autodestruiria pela ausência total de credibilidade. Apesar disso, devido aos interesses que existem por trás das empresas de comunicação, inclusive as detentoras de concessões públicas, a prática não é tão rara a ponto de ser descartada para análise.
Os jornalistas devem sua importância no mundo social ao fato de que detêm um monopólio real sobre os instrumentos de produção e de difusão em grande escala da informação, e, através desses instrumentos, sobre o acesso dos simples cidadãos ao que se chama de “espaço público” . É certo que eles necessitam de determinado controle para atrair a audiência para o seu conteúdo noticioso, porém é preciso trabalhar com e a favor do público, já que este tem o direito de ser informado e o direito de saber como se é informado.
“Não pode haver jornalismo de qualidade quando se atropelam os padrões éticos. Jornalista não é detetive, não é relações-públicas, não é cabo eleitoral, não é cortesão: jornalista é pago para oferecer ao cidadão informações com credibilidade”.(BUCCI,2000, p.63)
Diante disso, defende-se que os meios de comunicação devem ser responsáveis por aquilo que transmitem, devem ter consciência do seu papel como formadores de opinião ao elaborarem determinada interpretação da realidade. Portanto, dentro dos preceitos da ética e da moral, devem repensar determinadas atitudes que colocam, claramente, seus interesses privados acima do seu compromisso com o público.
4. ANÁLISE DE EDIÇÕES
Utilizando critérios de noticiabilidade que abrangem, por exemplo, a notoriedade, a proximidade, a relevância, a notabilidade e a temporalidade da notícia, o Bom Dia Pernambuco se apresenta à audiência com uma programação variada, tanto no aspecto noticioso como no formato de produção. Em outras palavras, o telejornal, com base em determinados valores-notícia, é constituído por reportagens factuais, reportagens especiais, entrevistas de estúdio, transmissões diretas - ao vivo, stand ups.
Escolhendo como objeto de análise alguns VTs veiculados pelo telejornal em março de 2010, observou-se que o Bom Dia Pernambuco, trabalhando com diferentes tipos de matérias, tenta aproximar, ao máximo, suas pautas dos assuntos factuais, ou seja, tenta realizar edições provenientes de ganchos – pretextos que geram oportunidade para materiais jornalísticos.
No primeiro vídeo analisado, e que foi exibido em 24 de março, a repórter Bianca Carvalho entra no ar com uma inserção ao vivo. A partir de uma nota pelada (lida pelo apresentador no estúdio e sem a veiculação de imagens) informando sobre oportunidades de emprego para deficientes físicos e, aproveitando também como gancho o início da feira sobre acessibilidade e turismo, é feita uma entrevista com o presidente do Instituto Muito Especial, Marcus Scarpa, em um dos espaços de lazer mais frequentado da cidade do Recife, mas que, contraditoriamente, apresenta inadequações às normas de acessibilidade.
A reportagem aproveita também para entrevistar e divulgar a habilidade e o trabalho de um músico deficiente visual. Além disso, esse ao vivo é interessante para que os telespectadores percebam que a transmissão direta também passa por um processo de produção/manipulação o que não, necessariamente, desprestigia o trabalho do repórter. Mas este assunto fica para outro momento, pois, seguindo os preceitos jornalísticos, a reportagem cumpre sua função informativa e social. Deixa a desejar apenas em um único momento: ao não colocar na tela os créditos do músico. Assim como o outro entrevistado, deveria ter sido informado seu nome (que foi dito apenas pela repórter), sobrenome e profissão.
Outro exemplo, que utiliza como gancho fatos da atualidade, é a série “Giro pelo Nordeste”, exibida em 30 de março e que trouxe reportagens sobre os restaurantes das universidades federais da Região. Apesar de configurar uma pauta fria (independe da sua factualidade para ser transmitida), partiu de um fato recente. A primeira das cinco reportagens da série foi, justamente, produzida na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), local em que os estudantes, insatisfeitos com o preço cobrado, ocuparam o refeitório.
Ao fazer um comparativo entre as universidades do Nordeste, as reportagens adquirem o caráter funcional de mostrar aos telespectadores locais diferentes situações, algumas melhores e outras piores. Na reportagem escolhida para análise, observa-se que a situação na Universidade Federal do Ceará (UFC) é melhor que na UFRPE. Enquanto nesta, o valor cobrado no refeitório é de R$ 6,00, naquela, os estudantes, além de poderem escolher o cardápio, pagam apenas R$ 1,00 pela refeição.
Quanto às reportagens quentes/factuais, estas também entram na programação do Bom Dia Pernambuco, apesar da rotina de produção ser acelerada. Como não existem repórteres fixos para cada telejornal da Rede Globo, o processo de produção se torna mais fácil. No VT da repórter Wanessa Andrade, exibido em 30 de março, referente à passeata dos policiais militares e do corpo de bombeiros realizada na noite anterior, observa-se que a reportagem gravada não ficou pronta a tempo de entrar no espelho do NETV 2, passando, portanto, para a programação do Bom Dia Pernambuco. Além disso, com um formato diferente da reportagem analisada anteriormente, esta trouxe outra característica de produção: uma nota pé (informação lida pelo apresentador como complementação às informações do VT) com o posicionamento oficial sobre a manifestação.
O exemplo acima não confirma o pressuposto de que as reportagens factuais veiculadas no telejornal matinal sejam apenas as que não ficaram prontas a tempo de entrar no noticiário da noite. Na verdade, durante a manhã, por volta das 5 horas, os repórteres da emissora já estão nas ruas cumprindo as pautas definidas e, dependendo da velocidade em que são produzidas e editadas, entram diretamente no Bom Dia Pernambuco.
5. CONCLUSÃO
O objetivo deste trabalho foi o de avançar na pesquisa sobre o Bom dia Pernambuco oferecendo uma análise sobre as rotinas de produção, as pautas trabalhadas, os critérios de noticiabilidade, o compromisso com o telespectador e a ética desenvolvida e trabalhada pelos profissionais que compõem o telejornal.
Um aspecto de grande importância percebido é o de que, muitas vezes, determinada notícia é produzida e divulgada em inúmeros programas jornalísticos e até não-jornalísticos, mas que o enfoque dado a esta notícia se torna diferenciado de acordo com o que é pretendido com ela. Como exemplo, alguns programas, que não é o caso do Bom Dia Pernambuco – pelo menos nas edições analisadas neste trabalho, aproveitam o fato para dramatizar, tornar a notícia sensacionalista de modo a obter uma maior audiência.
Bucci (2000, p.37) diz ainda que, “uma das constantes da televisão brasileira é o fato de seu telejornalismo se organizar como melodrama, e que informar somente não basta, o programa precisa chamar atenção, surpreender e assustar.” Esta citação vai de acordo com a política do “Pão e Circo”, característica do Império Romano. O Bom Dia Pernambuco não demonstra explícitas manipulações decorrentes de políticas empresariais, não apresenta os fatos com sensacionalismo, não surpreende e nem assusta o telespectador em suas matérias. O que significa que, pensando friamente, o programa tem como foco principal a credibilidade jornalística junto ao público, o que, consequentemente, o torna líder de audiência no horário em que é transmitido.
Credibilidade é algo que o telespectador busca e que faz gerar confiança.
“A credibilidade é produzida com qualidade editorial, que pressupõe conhecer o leitor, atender suas necessidades e antecipar-se a elas, fazer valer seus direitos, defendê-los, informá-lo com exclusividade e em primeira mão, escrever numa linguagem que ele entenda e goste, com a qual ele aprenda e se divirta. Daí nasce a relação de confiança. O público não vai atrás do anunciante, mas o contrário. Este é que vai atrás do público, beneficiando-se legitimamente da relação de confiança que vincula o cidadão-consumidor a tudo aquilo que o jornal ou a revista publicam” (BUCCI, 2000, p.66).
Desta forma, a equipe do Bom dia Pernambuco trabalha com o propósito de demonstrar a seu público uma preocupação com a honestidade e com os valores sociais. Mas apesar dessa constatação, apesar de não termos encontrado nas edições analisadas violações explícitas à moral e à ética jornalística, é importante salientar que o público não pode ser inteiramente passivo e acrítico no ato da recepção.
Em um programa noticioso, mesmo que não predominem interesses político-econômicos, o que é veiculado passa por um processo de manipulação, mesmo não intencional. Afinal, a escolha do que vai ser exibido e de como vai ser exibido é exclusivamente da equipe de reportagem. Isso faz com que o que chaga ao público não seja um fato real, puro e simples, mas sim, uma representação, um determinado ponto de vista feito a partir dessa realidade. O que se quer dizer é que, baseado numa ideologia subjetiva, os jornalistas realizam produções como o espelho preciso do real, o que é uma falácia.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOURDIEU, P. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
BUCCI, E.; KEHL, M. R. Videologias. São Paulo: Boi Tempo, 2004.
BUCCI, Eugênio. Sobre ética e imprensa. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
BUCCI, Eugênio. A TV aos 50 – criticando a televisão brasileira no seu cinqüentenário. São Paulo: Ed. Fundação Perseu Abramo, 2000.
VIZEU, A. Decidindo o que é notícia: Os bastidores do telejornalismo. 2ªed. Porto Alegre: Edipuc-RS, 2001.
Associação dos militares orienta membros a não saírem para trabalhar sem colete.
Acesso em 30 de março de 2010 e disponível em: http://pe360graus.globo.com/videos/cidades/greve/2010/03/30/VID,15891,4,67,VIDEOS,879-ASSOCIACAO-MILITARES-ORIENTA-MEMBROS-SAIREM-TRABALHAR-COLETE.aspx
Recife recebe feira sobre acessibilidade e turismo.
Acesso em 30 de março de 2010 e disponível em:
http://pe360graus.globo.com/videos/cidades/cidadania/2010/03/24/VID,15801,4,96,VIDEOS,879-RECIFE-RECEBE-FEIRA-SOBRE-ACESSIBILIDADE-TURISMO.aspx
Série Giro pelo Nordeste: Em Fortaleza, existe até cardápio vegetariano no refeitório.
Acesso em 30 de março de 2010 e disponível em:
http://pe360graus.globo.com/videos/educacao-e-carreiras/ensino-superior/2010/03/30/VID,15889,35,342,VIDEOS,879-UNIVERSIDADES-FORTALEZA-EXISTE-CARDAPIO-VEGETARIANO-REFEITORIO.aspx
Créditos à: Andressa Anjos, Cleyton Douglas, Isabella Andrade e Vítor Albuquerque.
1. INTRODUÇÃO
Em uma sociedade em que as desigualdades persistem e onde o acesso à educação ainda é privilégio de poucos, os reflexos da realidade podem ser observados nos índices de analfabetismo populacional. No Brasil, esses índices são extremamente elevados, sobretudo, na região Nordeste em que cerca de 20% da população não sabe ler e escrever. Inserida nessa realidade, a televisão aparece como um dos principais meios de acesso à informação local, nacional e internacional.
Ancorada em técnicas de som, enquadramento, iluminação e imagem, a TV busca captar o público mediante estratégias enunciativas que servem à comunicação. Os noticiários televisivos são considerados os meios pelos quais os indivíduos têm acesso aos acontecimentos da realidade. Sob os princípios da neutralidade, imparcialidade, isenção e honestidade que, em tese, fazem parte do campo jornalístico, os telejornais trabalham ou deveriam trabalhar com o compromisso e a preocupação social junto ao público. Em outras palavras, considerados por alguns teóricos como o espaço que serve como reflexo preciso do real e onde a maioria das pessoas se ancora para a construção da realidade, os telejornais ocupam um espaço de centralidade na formação da sociedade contemporânea.
Levando em consideração que alguns conteúdos jornalísticos desrespeitam a ética e a moral profissional em detrimento aos interesses da empresa ao qual fazem parte, a pesquisa se propõe a analisar algumas reportagens produzidas e transmitidas pelo Bom Dia Pernambuco – telejornal matutino veiculado pela Rede Globo Nordeste. Utilizando como embasamento teórico às teses de Pierre Bourdieu, as análises televisivas de Alfredo Vizeu, e a ética do profissional e os direitos do telespectador trabalhados por Eugênio Bucci, o estudo tem como objetivo analisar o formato do programa, as rotinas de produção, os critérios de noticiabilidade e as formas de tratamento dadas às reportagens do Bom Dia Pernambuco.
2. BOM DIA PERNAMBUCO: O FORMATO DO PROGRAMA
Como programa jornalístico da Rede Globo Nordeste que vai ao ar de segunda a sexta-feira, por volta das 6h30, o Bom Dia Pernambuco, para muitos, é a primeira fonte de notícia diária local. O telejornal é exibido em rede estadual pela TV Asa Branca (Caruaru), TV Grande Rio (Petrolina) e pela TV Golfinho (Fernando de Noronha).
Transmitindo aos telespectadores notícias factuais, entrevistas ao vivo e reportagens especiais, o telejornal procura atender a um público diversificado, que, segundo as pesquisas de audiência, é composto por 52% de mulheres e 48% de homens, com faixa etária de até 40 anos de idade (o público jovem não é muito expressivo). Inserido nesse contexto, segue uma linha editorial focada na veiculação de notícias referentes à economia, política, cultura, cidade, saúde, ao sistema de transporte local, prestação de serviços, dicas de emprego e cursos, opções de lazer e assuntos ligados ao esporte, sobretudo, o futebol.
A apresentação do Bom Dia Pernambuco está, atualmente, sob a responsabilidade da jornalista Meiry Lanunce, que, segundo pesquisas internas, possui excelente domínio televisivo, característica de extrema importância na concepção de Bucci:
“O apresentador do telejornal é outro ingrediente-chave da função do jornalismo de entreter para garantir a audiência. Ele desenvolve com o telespectador um vínculo de familiaridade. [...] Vivemos num tempo em que jornalistas da TV são celebridades”. (BUCCI, 2000, p. 29).
Compondo a equipe do telejornal, há também um editor chefe (Aldo Gusmão), três editores de imagem (Jucielo Freitas, André Deiga e Wellington Swallon), duas produtoras/editoras (Paula Delgado e Thais Toledo), um estagiário e 14 repórteres que, na verdade, não são exclusivos deste telejornal, mas sim de todos os telejornais locais, sendo, portanto, distribuídos por um esquema de escalas.
De acordo com o editor chefe, a rotina de produção na redação do Bom Dia Pernambuco começa cedo. Sendo o primeiro a chegar, por volta das 4h, analisa todas as pautas e VTs para fazer a seleção do que entrará no telejornal e do que será descartado ou “engavetado”. Em seguida, às 5h, Meiry Lanunce, que além de apresentadora é produtora/editora do programa, chega à redação. No mesmo horário chegam dois editores de imagem, Jucielo Freitas e André Deiga, e a produtora/editora, Paula Delgado. À tarde, ocorre uma troca: a produtora/editora, Thais Toledo, comanda o telejornal a partir das 16h, contando com a ajuda do editor de imagem, Wellington Swallon, que chega à redação às 19h.
De segunda a sexta-feira à equipe se reúne às 9h da manhã para reuniões exclusivas do Bom Dia Pernambuco. Às 13h, todos os editores e produtores dos demais telejornais exibidos pela Rede Globo Nordeste se reúnem para uma seleção de pautas. No processo de seleção do que será veiculado ou não, segundo Aldo Gusmão, entra no telejornal aquilo que é considerado de interesse da população. Por exemplo, casos de polícia, desastres naturais e acidentes locais.
Apesar de ser produzido nas primeiras horas do dia, o telejornal matutino não sofre com a ausência de pautas, pelo contrário, a redação possui tantas sugestões da própria produção, de colaboradores e de agências de notícias que, em muitos casos, não consegue colocar todas em prática. Por ser o primeiro telejornal a ir ao ar na TV local, o Bom Dia Pernambuco serve de base para muitos noticiários exibidos posteriormente. Ao levantar assuntos exclusivos sem poder, na maioria das vezes pela pressa na produção/transmissão, exibí-los de modo mais aprofundado, os telejornais seguintes o utilizarão como fonte de notícias para apurar melhor determinados temas e gerar suítes – desdobramentos de matéria.
Dessa forma, observa-se que, antes, os jornalistas concorriam pelo furo de reportagem, para dar a notícia primeiro. Hoje, a concorrência está focada em dar primeiro a informação mais bem apurada. Pelo menos, é com esta preocupação que o Bom Dia Pernambuco diz trabalhar: não basta ter acesso a uma notícia exclusiva e divulgar; é preciso checar, fazer uma apuração precisa e completa. Por causa disso, muitas vezes informações deixam de ser veiculadas no Bom Dia Pernambuco por falta de confirmação do fato dentro do horário de produção.
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
No Brasil, a televisão ocupa um papel de fundamental importância na formação da identidade nacional. Para a maioria das pessoas, é através dela que informações a respeito do mundo são recebidas. Dentro desse contexto, o jornalismo exerce um papel de destaque, já que muitos não lêem jornais ou não têm acesso a outras fontes de conhecimento, ou seja, estão totalmente devotados à televisão como única fonte de informação . Como afirma Alfredo Vizeu, os telejornais têm um espaço significativo na vida das pessoas, por serem relevantes na imagem que elas constroem da realidade .
“A divulgação cotidiana de notícias ajuda a construir imagens culturais que edificam todas as sociedades. [...] Acreditamos que a televisão ocupa cada vez mais um lugar central numa cultura eletronicamente mediada, contribuindo decisivamente para a formação da sociabilidade contemporânea”. (VIZEU, p. 13 e 17)
O jornalismo tem como função social transmitir fatos relevantes e de veracidade, que não comprometam a imagem do profissionalismo e da sociedade. Porém, todo veículo noticioso está atrelado a uma doutrina editorial que exige a adaptação dos profissionais e que, muitas vezes, foge aos preceitos éticos do ofício.
Na teoria, o jornalista deve relatar os fatos de forma neutra e objetiva, sem deixar que a opinião pessoal interfira na cobertura. A mensagem deve ser transmitida tal como ela é e o público deve formar suas próprias conclusões. Dessa forma, objetividade e imparcialidade são vistas como duas premissas ideais. Mas essas premissas, geralmente, não correspondem à realidade diária do fazer jornalístico. Primeiramente, porque não é possível haver total distanciamento de um relato. Qualquer indivíduo, jornalista ou não, apresenta uma visão de mundo que interfere na elaboração de opiniões. E segundo, porque tais premissas podem ser consideradas um mito, já que os veículos de comunicação, inseridos em contextos mercadológicos, apresentam interesses e regras que interferem, restringem e/ou até moldam o material a ser divulgado. Em outras palavras, a imparcialidade e a isenção na transmissão do conteúdo noticioso não são totalmente garantidas.
“A televisão pode, paradoxalmente, ocultar mostrando, mostrando uma coisa diferente do que seria preciso mostrar caso se fizesse o que supostamente se faz, isto é, informar; ou ainda mostrando o que é preciso mostrar, mas de tal maneira que não é mostrado ou se torna insignificante, ou construindo-o de tal maneira que adquire um sentido que não corresponde absolutamente à realidade”. (BOURDIEU, 1997, p. 24)
Em Videologias (2004), Eugênio Bucci aponta como um dos direitos do telespectador ser informado de modo independente, recebendo os dados necessários para que se forme uma opinião própria. Mas também destaca que as emissoras brasileiras, apesar de serem concessões públicas, realizam a chamada censura privada, em que, atreladas a interesses econômicos e políticos, sonegam determinados assuntos ao público. E como ele afirma, a discussão não diz respeito ao dever de todo editor de selecionar, editar e hierarquizar as informações, o problema está no seguinte:
“Os meios de comunicação estão incorporados à lógica econômica de maximização dos mecanismos de mercado, deixando de contemplar as conveniências culturais do conjunto da sociedade para limitar-se a satisfazer os interesses imediatos das entidades ligadas ao negócio da informação. E o setor especializado na produção de informações responde a estes interesses imediatos antes que suas responsabilidades frente à sociedade”. (VIZEU, 2001, p. 64)
O grande problema nessa questão consiste na transformação do jornalismo em um mercado de comunicação, em que a ética é suprimida pelos valores mercadológicos, em que o jornalista adquire o costume de falsear sua relação com os fatos, por meio da impostura da neutralidade. Mas é importante destacar que não é todo meio noticioso que manipula e distorce a informação, pois dessa forma o sistema se autodestruiria pela ausência total de credibilidade. Apesar disso, devido aos interesses que existem por trás das empresas de comunicação, inclusive as detentoras de concessões públicas, a prática não é tão rara a ponto de ser descartada para análise.
Os jornalistas devem sua importância no mundo social ao fato de que detêm um monopólio real sobre os instrumentos de produção e de difusão em grande escala da informação, e, através desses instrumentos, sobre o acesso dos simples cidadãos ao que se chama de “espaço público” . É certo que eles necessitam de determinado controle para atrair a audiência para o seu conteúdo noticioso, porém é preciso trabalhar com e a favor do público, já que este tem o direito de ser informado e o direito de saber como se é informado.
“Não pode haver jornalismo de qualidade quando se atropelam os padrões éticos. Jornalista não é detetive, não é relações-públicas, não é cabo eleitoral, não é cortesão: jornalista é pago para oferecer ao cidadão informações com credibilidade”.(BUCCI,2000, p.63)
Diante disso, defende-se que os meios de comunicação devem ser responsáveis por aquilo que transmitem, devem ter consciência do seu papel como formadores de opinião ao elaborarem determinada interpretação da realidade. Portanto, dentro dos preceitos da ética e da moral, devem repensar determinadas atitudes que colocam, claramente, seus interesses privados acima do seu compromisso com o público.
4. ANÁLISE DE EDIÇÕES
Utilizando critérios de noticiabilidade que abrangem, por exemplo, a notoriedade, a proximidade, a relevância, a notabilidade e a temporalidade da notícia, o Bom Dia Pernambuco se apresenta à audiência com uma programação variada, tanto no aspecto noticioso como no formato de produção. Em outras palavras, o telejornal, com base em determinados valores-notícia, é constituído por reportagens factuais, reportagens especiais, entrevistas de estúdio, transmissões diretas - ao vivo, stand ups.
Escolhendo como objeto de análise alguns VTs veiculados pelo telejornal em março de 2010, observou-se que o Bom Dia Pernambuco, trabalhando com diferentes tipos de matérias, tenta aproximar, ao máximo, suas pautas dos assuntos factuais, ou seja, tenta realizar edições provenientes de ganchos – pretextos que geram oportunidade para materiais jornalísticos.
No primeiro vídeo analisado, e que foi exibido em 24 de março, a repórter Bianca Carvalho entra no ar com uma inserção ao vivo. A partir de uma nota pelada (lida pelo apresentador no estúdio e sem a veiculação de imagens) informando sobre oportunidades de emprego para deficientes físicos e, aproveitando também como gancho o início da feira sobre acessibilidade e turismo, é feita uma entrevista com o presidente do Instituto Muito Especial, Marcus Scarpa, em um dos espaços de lazer mais frequentado da cidade do Recife, mas que, contraditoriamente, apresenta inadequações às normas de acessibilidade.
A reportagem aproveita também para entrevistar e divulgar a habilidade e o trabalho de um músico deficiente visual. Além disso, esse ao vivo é interessante para que os telespectadores percebam que a transmissão direta também passa por um processo de produção/manipulação o que não, necessariamente, desprestigia o trabalho do repórter. Mas este assunto fica para outro momento, pois, seguindo os preceitos jornalísticos, a reportagem cumpre sua função informativa e social. Deixa a desejar apenas em um único momento: ao não colocar na tela os créditos do músico. Assim como o outro entrevistado, deveria ter sido informado seu nome (que foi dito apenas pela repórter), sobrenome e profissão.
Outro exemplo, que utiliza como gancho fatos da atualidade, é a série “Giro pelo Nordeste”, exibida em 30 de março e que trouxe reportagens sobre os restaurantes das universidades federais da Região. Apesar de configurar uma pauta fria (independe da sua factualidade para ser transmitida), partiu de um fato recente. A primeira das cinco reportagens da série foi, justamente, produzida na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), local em que os estudantes, insatisfeitos com o preço cobrado, ocuparam o refeitório.
Ao fazer um comparativo entre as universidades do Nordeste, as reportagens adquirem o caráter funcional de mostrar aos telespectadores locais diferentes situações, algumas melhores e outras piores. Na reportagem escolhida para análise, observa-se que a situação na Universidade Federal do Ceará (UFC) é melhor que na UFRPE. Enquanto nesta, o valor cobrado no refeitório é de R$ 6,00, naquela, os estudantes, além de poderem escolher o cardápio, pagam apenas R$ 1,00 pela refeição.
Quanto às reportagens quentes/factuais, estas também entram na programação do Bom Dia Pernambuco, apesar da rotina de produção ser acelerada. Como não existem repórteres fixos para cada telejornal da Rede Globo, o processo de produção se torna mais fácil. No VT da repórter Wanessa Andrade, exibido em 30 de março, referente à passeata dos policiais militares e do corpo de bombeiros realizada na noite anterior, observa-se que a reportagem gravada não ficou pronta a tempo de entrar no espelho do NETV 2, passando, portanto, para a programação do Bom Dia Pernambuco. Além disso, com um formato diferente da reportagem analisada anteriormente, esta trouxe outra característica de produção: uma nota pé (informação lida pelo apresentador como complementação às informações do VT) com o posicionamento oficial sobre a manifestação.
O exemplo acima não confirma o pressuposto de que as reportagens factuais veiculadas no telejornal matinal sejam apenas as que não ficaram prontas a tempo de entrar no noticiário da noite. Na verdade, durante a manhã, por volta das 5 horas, os repórteres da emissora já estão nas ruas cumprindo as pautas definidas e, dependendo da velocidade em que são produzidas e editadas, entram diretamente no Bom Dia Pernambuco.
5. CONCLUSÃO
O objetivo deste trabalho foi o de avançar na pesquisa sobre o Bom dia Pernambuco oferecendo uma análise sobre as rotinas de produção, as pautas trabalhadas, os critérios de noticiabilidade, o compromisso com o telespectador e a ética desenvolvida e trabalhada pelos profissionais que compõem o telejornal.
Um aspecto de grande importância percebido é o de que, muitas vezes, determinada notícia é produzida e divulgada em inúmeros programas jornalísticos e até não-jornalísticos, mas que o enfoque dado a esta notícia se torna diferenciado de acordo com o que é pretendido com ela. Como exemplo, alguns programas, que não é o caso do Bom Dia Pernambuco – pelo menos nas edições analisadas neste trabalho, aproveitam o fato para dramatizar, tornar a notícia sensacionalista de modo a obter uma maior audiência.
Bucci (2000, p.37) diz ainda que, “uma das constantes da televisão brasileira é o fato de seu telejornalismo se organizar como melodrama, e que informar somente não basta, o programa precisa chamar atenção, surpreender e assustar.” Esta citação vai de acordo com a política do “Pão e Circo”, característica do Império Romano. O Bom Dia Pernambuco não demonstra explícitas manipulações decorrentes de políticas empresariais, não apresenta os fatos com sensacionalismo, não surpreende e nem assusta o telespectador em suas matérias. O que significa que, pensando friamente, o programa tem como foco principal a credibilidade jornalística junto ao público, o que, consequentemente, o torna líder de audiência no horário em que é transmitido.
Credibilidade é algo que o telespectador busca e que faz gerar confiança.
“A credibilidade é produzida com qualidade editorial, que pressupõe conhecer o leitor, atender suas necessidades e antecipar-se a elas, fazer valer seus direitos, defendê-los, informá-lo com exclusividade e em primeira mão, escrever numa linguagem que ele entenda e goste, com a qual ele aprenda e se divirta. Daí nasce a relação de confiança. O público não vai atrás do anunciante, mas o contrário. Este é que vai atrás do público, beneficiando-se legitimamente da relação de confiança que vincula o cidadão-consumidor a tudo aquilo que o jornal ou a revista publicam” (BUCCI, 2000, p.66).
Desta forma, a equipe do Bom dia Pernambuco trabalha com o propósito de demonstrar a seu público uma preocupação com a honestidade e com os valores sociais. Mas apesar dessa constatação, apesar de não termos encontrado nas edições analisadas violações explícitas à moral e à ética jornalística, é importante salientar que o público não pode ser inteiramente passivo e acrítico no ato da recepção.
Em um programa noticioso, mesmo que não predominem interesses político-econômicos, o que é veiculado passa por um processo de manipulação, mesmo não intencional. Afinal, a escolha do que vai ser exibido e de como vai ser exibido é exclusivamente da equipe de reportagem. Isso faz com que o que chaga ao público não seja um fato real, puro e simples, mas sim, uma representação, um determinado ponto de vista feito a partir dessa realidade. O que se quer dizer é que, baseado numa ideologia subjetiva, os jornalistas realizam produções como o espelho preciso do real, o que é uma falácia.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOURDIEU, P. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
BUCCI, E.; KEHL, M. R. Videologias. São Paulo: Boi Tempo, 2004.
BUCCI, Eugênio. Sobre ética e imprensa. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
BUCCI, Eugênio. A TV aos 50 – criticando a televisão brasileira no seu cinqüentenário. São Paulo: Ed. Fundação Perseu Abramo, 2000.
VIZEU, A. Decidindo o que é notícia: Os bastidores do telejornalismo. 2ªed. Porto Alegre: Edipuc-RS, 2001.
Associação dos militares orienta membros a não saírem para trabalhar sem colete.
Acesso em 30 de março de 2010 e disponível em: http://pe360graus.globo.com/videos/cidades/greve/2010/03/30/VID,15891,4,67,VIDEOS,879-ASSOCIACAO-MILITARES-ORIENTA-MEMBROS-SAIREM-TRABALHAR-COLETE.aspx
Recife recebe feira sobre acessibilidade e turismo.
Acesso em 30 de março de 2010 e disponível em:
http://pe360graus.globo.com/videos/cidades/cidadania/2010/03/24/VID,15801,4,96,VIDEOS,879-RECIFE-RECEBE-FEIRA-SOBRE-ACESSIBILIDADE-TURISMO.aspx
Série Giro pelo Nordeste: Em Fortaleza, existe até cardápio vegetariano no refeitório.
Acesso em 30 de março de 2010 e disponível em:
http://pe360graus.globo.com/videos/educacao-e-carreiras/ensino-superior/2010/03/30/VID,15889,35,342,VIDEOS,879-UNIVERSIDADES-FORTALEZA-EXISTE-CARDAPIO-VEGETARIANO-REFEITORIO.aspx
Créditos à: Andressa Anjos, Cleyton Douglas, Isabella Andrade e Vítor Albuquerque.
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